A escrita de hoje nasceu na tentativa de organizar pensamentos soltos e dar clareza ao meu caminho empreendedor. Acho que deu certo.
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Contei, há algumas semanas, sobre um movimento importante que fiz de separar parte do meu negócio de mim (se você quiser ler, é a conversa que linko abaixo).
nosso pátio 009
Esse é um texto-desabafo. Nele, falo sobre mim, exclusivamente. Mas, se por ventura você se identificar, quero que se lembre de duas coisas: 1) você não está sozinha; 2) existem outros caminhos ✨
Embora eu já tenha dado esse passo (e que bom por isso!), ainda tento identificar alguns contornos importantes. E escrever me ajuda muito — a pensar, a enxergar, a despertar, a organizar, a expressar… A escrita terapêutica é muito real, por aqui.
Lá pela metade da minha reflexão, percebi uma estrutura que talvez faça sentido para mais gente, e isso sempre me deixa muito feliz.
Portanto, nossa newsletter de hoje chega com uma cara de casa que ainda não foi rebocada.
Conto com a sua sensibilidade para imaginar a obra finalizada. ✨
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O que sustenta o meu olhar?
Essa foi a pergunta que me convidou para esse passeio entre palavras.
Por onde passa, em mim e no mundo, aquilo que vejo?
E onde meus olhos param? Onde eles se estendem?
Identifiquei quatro pilares: o autoral, a oportunidade de ser melhor (pessoal e profissionalmente), a ‘mentalidade de empresária’ (por falta de um termo melhor, que sigo em busca) e o papel no mundo (a coerência com a vida como de fato é).
É nesses lugares onde eu mais me demoro.
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1. O autoral
Quando falo sobre o autoral, não falo sobre estética, sobre o nome na capa do livro… Falo do genuíno, do singular, do seu jeito de fazer, de ocupar, de viver.
Autoral é o caminho que você, a partir da sua verdade e da sua inteireza, escolhe, nutre, vive.
Mesmo quando esse caminho não te leva para onde todos estão indo, ele ainda te pertence e te honra. Afinal, ele te leva para onde você escolhe ir, para o seu lugar de brilhar por ser exatamente quem você é.
Não é fácil escolher o caminho autoral, porque, muitas vezes, isso significa renunciar a um pertencimento tentador.
Mas, a longo prazo, quanto nos custa abrir mão de quem somos?
Do que nos vale uma vida que é cópia?
O autoral fala comigo de um lugar muito profundo e potente, que me dói um pouco, até. Porque eu fui sombra por muito tempo… Hoje, em constante processo de cura e ressignificação, tenho esse tema como a espinha dorsal da minha existência.
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Quem sou EU? O que EU quero? Por que EU quero? Para onde EU vou? Por onde EU vou? Como EU vou? Para o que EU olho enquanto vou?
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2. A oportunidade de ser melhor
Enxergo o caminho empreendedor pela lente do estoicismo.
Ao acreditar que a vida é sobre aprimoramento, sobre o refinamento de quem somos, sobre a busca da nossa melhor versão, eu acredito, também, que o empreendedorismo nos oferece uma oportunidade valiosa de desenvolvimento e crescimento — pessoal e profissional.
Quando nos colocamos inteiras nesse caminho, podemos revisitar e despertar muitas informações relevantes sobre nós.
Talvez uma crença possa ser revista (ou muitas).
Um medo pode ser superado (ou muitos).
Uma expectativa pode ganhar uma nova perspectiva.
Uma certeza pode se tornar uma dúvida — e nos guiar por uma nova trilha cheia de descobertas incríveis.
Uma vulnerabilidade pode se transformar em força.
Empreender não precisa ser apenas sobre criar um negócio, sobre dar vida a uma ideia, sobre solucionar problemas.
Empreender também pode ser escola. E, com olhos atentos, você pode aprender um tanto de coisa valiosa com ela.
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O que seu caminho empreendedor pode te ensinar?
Não para a sua pessoa jurídica. Para a pessoa física.
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3. ‘Mentalidade de empresária’
(Eu realmente não acho que essa seja a melhor definição. Aceito sugestões para nomearmos melhor esse tópico).
Falando em aprender com o caminho, um dos maiores desenvolvimentos que eu identifico no empreendedorismo é o da ‘mentalidade de empresária’.
E por que eu destaco esse?
Porque ele não diz respeito apenas ao negócio, embora pareça que sim.
A ‘mentalidade de empresária’ é sobre assumirmos o protagonismo — e isso é imensamente transformador (principalmente para nós, mulheres).
Estruturar narrativas e ocupar lugares a partir de quem somos e do que desejamos é simplesmente lindo!
É quando nos autorizamos a dizer:
“Sim, eu tenho um negócio. Sim, como todo negócio, o meu também existe para gerar dinheiro — mais do que isso: lucro. Sim, eu quero crescer, quero impactar mais pessoas com o meu olhar e com a minha mensagem. Sim, eu quero ser reconhecida e valorizada pelo que faço. E, sim, eu me comprometo a fazer o que é preciso, respeitando e honrando quem eu sou, para criar os movimentos necessários para chegar lá” (seja ‘lá’ onde for).
Sem essa mentalidade, infelizmente, nos tornamos reféns de padrões mentais, sociais e familiares que, às vezes, não nos favorecem.
De certa forma, ainda parece errado dizermos que queremos fazer dinheiro, que queremos lucrar, que queremos crescer. Parece, ainda, que o lugar que nos cabe é o lugar de servir.
Porém, esse mesmo servir pode ser visto como um passo dado com coragem e presença consciente, com estratégia e intenção. Ele não precisa ser propositalmente pequeno para servir ao que esperam de nós, quando o que nós esperamos de nós é mais.
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Aprendi com a minha psicóloga: nós precisamos honrar os nossos desejos.
Você tem honrado os seus?
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4. O papel no mundo
Aqui, nossa conversa vai mais para o universo da marca do que para o negócio.
Um negócio é uma organização com fins lucrativos (oh a ‘mentalidade de empresária’ aqui de novo).
Tudo bem, até chegarmos ao lucro tem um caminho, mas, essencialmente, um negócio só é um negócio quando você tem uma estratégia de lucratividade como um de seus guias. Do contrário, é hobby. É algo que você faz para se divertir, para ajudar, algo assim.
E, para cumprir com seu papel e seu objetivo de gerar lucro, o negócio pode contar com um recurso muito valioso: sua marca.
Uma boa marca ajuda o negócio a vender mais e a vender com mais facilidade. O que é ótimo, não é?
Mas uma marca não precisa ser “apenas” isso.
Ela pode assumir um outro papel, um que ultrapasse os limites comerciais e se comprometa com a cultura, com o tempo, com a verdade de um grupo.
É quando a marca compreende as bandeiras do seu público (porque se dedica a conhecê-lo; porque identifica esse conhecimento como ativo) e participa ativamente das conversas propostas por ele.
É a marca que não se aliena diante daquilo que é do interesse do seu consumidor.
A marca que não usa gatilhos perigosos, que não fala sobre o que não sabe, que não promete o que não pode cumprir.
A marca que, com responsabilidade, enxerga o cenário antes de se pronunciar.
Enquanto o negócio planeja ações para produzir mais, de forma mais veloz, usando menos recursos, a marca que conversa com o mundo observa e sente seu público, identifica o que ele realmente deseja e precisa nesse momento, convida o público para a conversa, acolhe o que ele oferece, e atua a partir disso.
E é aí, nessa intersecção saudável entre idealizadora, negócio, marca e público, que nasce um empreendimento verdadeiramente autoral, sustentável e relevante. Um empreendimento que existe para além de si.
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Com quem sua marca troca? De quais conversas ela participa? E o que esses cenários revelam para o comportamento da sua marca e do seu negócio?
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E o que o meu olhar sustenta?
Tão bonito quanto identificar aquilo que sustenta o meu olhar é identificar o que o meu olhar sustenta.
Portanto, o que eu ofereço ao mundo a partir da minha inteireza?
Eu ofereço a busca.
Uma busca constante e profunda por meios, saberes e recursos para que mulheres possam trazer ao mundo, e estruturar, negócios e marcas que representam a verdade de suas idealizadoras; negócios e marcas que percebam e assumam seu lugar no mundo, e que atuem nele com consciência e responsabilidade.
E eu ofereço companhia, ofereço parceria, ofereço presença, para ajudar essas mesmas mulheres a olharem para a sua jornada empreendedora como uma jornada de aprendizado e desenvolvimento (pessoal e profissional).
Esse é o meu caminho autoral.
E o seu, qual é?
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Nos vemos em breve!
Em alguns dias (ou mais do que alguns, talvez), eu chego com uma nova conversa em sua caixa de entrada.
Até lá, podemos nos encontrar no Instagram e também por email: oi@marianagatzk.com (eu enriqueço muito o meu olhar quando encontro outros olhares, então sua mensagem será um presente para mim).
Desejo a você uma boa semana!
Com muito carinho,
Mari.